SEPPIR vai mediar impasse entre comunidades quilombolas e a Alcântara Cyclone Space, no Maranhão
SEPPIR vai mediar impasse entre comunidades quilombolas e a Alcântara Cyclone Space, no Maranhão
28/01/2009 - 16:36
Em reunião realizada na última segunda-feira (26/01), no Ministério Público Federal em São Luis (MA), entre técnicos da SEPPIR e o procurador Alexandre Silva Soares, ficou acertado que a Secretaria vai intermediar o impasse entre os quilombolas e a empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS/ Brasil-Ucrânia) para a conclusão do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) na região de Alcântara. O estudo é uma exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para o prosseguimento das obras realizadas dentro do limite territorial do Centro de Lançamento de Alcântara.
Por causa do impasse com as comunidades, as obras estão paralisadas desde o dia 28 de dezembro do ano passado, ameaçando o prazo para o lançamento do foguete Cyclone IV, marcado para outubro de 2010. Na semana passada o Ministério Público deu parecer contrário ao pedido de proteção judicial para que a ACS dê continuidade aos estudos ambientais nas comunidades quilombolas de Mamuna, Baracatatiua e Brito. De acordo com o procurador federal Alexandre Soares, que relatou o parecer, o ingresso de pesquisadores nas terras de comunidades tradicionais, sejam índios ou quilombolas, deve ser precedido de diálogo junto aos moradores. Neste sentido, a SEPPIR vai mediar o diálogo entre as comunidades quilombolas e a ACS.
“Vamos esclarecer os quilombolas sobre a importância deste laudo sócio-ambiental que virá, inclusive, a favorecê-los na medida em que servirá de base para a realização de outros projetos sociais para as comunidades de Alcântara. Compreendemos a importância do Programa Espacial Brasileiro e temos o maior interesse em colaborar para que as obras sejam realizadas no prazo, desde que a integridade física e o direito territorial dos quilombolas sejam respeitados”, explicou a diretora de projetos da Subsecretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (SubCom/ SEPPIR), Ivonete Carvalho.
Além da mediação deste impasse, a SEPPIR está encarregada do planejamento, execução e acompanhamento dos investimentos sociais do Governo Federal em Alcântara. A partir da demarcação das terras quilombolas, diversos ministérios poderão executar na região as ações da Agenda Social Quilombola, viabilizando acesso à saúde, educação, construção de moradias, eletrificação, recuperação ambiental, incentivo ao desenvolvimento local, e o pleno atendimento das famílias quilombolas pelos programas sociais, como o Bolsa Família.
Titulação – Em novembro do ano passado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) publicou Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTDI) que reconhece as comunidades quilombolas situadas no município de Alcântara (MA) e determina a delimitação de suas terras em área total pouco superior a 78 mil hectares.
A partir da publicação, o INCRA começou a reunir os documentos necessários para a emissão dos títulos de posse coletivos, que deverão ser entregues até março deste ano às 110 comunidades quilombolas da região. Afirma o relatório que “os estudos socioeconômicos, culturais, antropológicos, fundiários, cartográficos e ambientais reconhecem que a citada comunidade se caracteriza como grupo étnico remanescente de quilombo, dotada de trajetória própria e relações territoriais específicas com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida, e concluem que as terras identificadas (...), com área delimitada de 78.105, 3466 ha, são consideradas como território da Comunidade Quilombola de Alcântara.”
Foguetes – O direito de uso da área reconhecida como terra quilombola estava indefinido entre as comunidades quilombolas e a Agência Espacial Brasileira, que pretendia ampliar a área dos sítios para lançamento de foguetes no entorno do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Reconhecendo o inegável desenvolvimento econômico e científico que será trazido pela ampliação dos sítios, houve um entendimento coordenado a partir da Casa Civil da Presidência da República no sentido de conciliar o Programa Espacial com os direitos das comunidades quilombolas que há séculos ocupam a região. Com isso, ficou definido que os novos sítios serão instalados na área já ocupada pelo CLA.
Coordenação de Comunicação Social da SEPPIR/ PR